Ata da reunião de 14/03/2023

 

Reunião presencial, na Universidade de São Paulo 

 

Local: Sala 263, prédio de Letras

Início: 14h.

Encerramento: 16h40.

Presentes: 1. Profa. Dra. Maria Inês Batista Campos Noel Ribeiro (líder do Grupo de Pesquisa Linguagens, Discurso e Ensino); 2. Elvis Lima de Araújo (doutorando); 3. Viviane Mendes Leite (doutoranda); 4. Larissa Vieira de Cerqueira (mestranda); 5. Bárbara Falcão (doutoranda); 6. Luciana Taraborelli (doutoranda); 7. Rômulo Flores Dias Bolívar (doutorando).

Pautas: 1. Recados gerais; 2. discussões de "Rabelais e a História do Riso", A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais; 3. próxima reunião.

 

1. Recados gerais

  • 28/03/2023: Não haverá reunião do GP devido à reunião do Programa
    de Pós-Graduação.
  • Retorno das reuniões do GP em: 09/05/2023.

 

2. Discussões de "Rabelais e a História do Riso", A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (p. 51-71)

Com a leitura previamente feita, os integrantes contribuíram com a discussão do texto, com informações sobre as referências e interlocutores apresentados no texto de Bakthin.

  • Elvis:

Por que Bakhtin traz o moralista Fischart para discussão?

Rabelais era compreendido e amado por seus contemporâneos. A literatura do século XVI terminou, por assim dizer, sob o signo de
Rabelais. Seus contemporâneos viam a unidade do mundo rabelasiano como manifestações artísticas de um único estilo (satírico). Já nos séculos XVII e XVIII, viam a obra como idiossincrática (fora dos padrões) e bizarra.
A compreensão dos contemporâneos não pode fornecer uma resposta aos nossos problemas, uma vez que, para eles, esses problemas não existiam. (BAKHTIN, 2010, p. 53).
Assim, vem os protestantes moralistas: A tradição alemã de Gragantua
feita por Fischart, com o título grotesco “Affenteurliche und Ungeheurliche Geschichtklitterung” (1975) é um exemplo típico da
tendência abstrata, que deforma a característica da imagem grotesca
atribuindo ao exagero uma conotação de caricatura.
Fischart é protestante e moralista. Sua obra é grobianista, ou seja, atribuíam tons negativos a fim de ridicularizar o substrato material e corporal da imagem grotesca.
Mesmo assim, na tradução de Fishart, a tendência abstrata não dominou completamente todas as imagens. Mas, já se infiltra e transforma as imagens em uma espécie de apêndice divertido dos sermões abstratos e moralizantes. (BAKHTIN, 2010, p. 55).

Indicação: https://www.youtube.com/watch?v=VEZ6yiLkh84

 

  • Larissa:

Plêiade (BAKHTIN, 2010, p. 55)

Primeiro movimento organizado de poesia francesa criado em 1549. O nome do movimento vem das sete estrelas da constelação de touro, porque dele faziam parte sete poetas: i) Pierre de Ronsard; ii) Joachim du Bellay; iii) Jean-Antoine de Baif; iv) Rémy Belleau; v) Étienne Jodelle; vi) Pontus de Tyard; vii) Jean Dorat.
A poesia do grupo fora marcada por características de tradição e, ao mesmo tempo, de inovação. Ao mesmo tempo em que herdam
elementos da Antiguidade Clássica como os gêneros ode e elegia, as matérias filosóficas e mitológicas; inovam, ao se recusarem pelo uso do latim e adotarem o francês, à época, língua vulgar, sem mencionar o uso de neologismos.
De acordo com Bakhtin, sendo profundos conhecedores da Antiguidade Clássica, os poetas da Plêiade conheciam a hierarquia dos gêneros de Aristóteles, em que os indivíduos de caráter elevado eram retratados no gênero tragédia e os de caráter inferior, no gênero comédia. Porém, mesmo assim, tinham grande respeito e consideravam elevada a obra de Rabelais e o caráter cômico da mesma.


Montaigne (BAKHTIN, 2010, p. 56)
Michel de Montaigne foi um filósofo francês percursor do gênero ensaio. Trinta e um anos depois da organização do grupo de poetas da Plêiade, em 1580, Montaigne publica a obra Ensaios, cujo “Capítulo X - Sobre os livros” do volume II menciona a obra de Rabelais como divertida ou recreativa. As afirmações de Montaigne mostram, segundo Bakhtin, uma virada na interpretação acerca do trabalho do romancista francês, que passou de elevada e respeitada para divertida e recreativa em pouco
tempo.

  • Viviane: 

Apresentação do contexto histórico e biográfico de Luciano de Samósata (125 d.C – 181 d.C.)

Diferentemente dos escritores da Antiguidade, Luciano privilegia a prosa. Bakhtin cita o texto desse autor: "Diálogos dos mortos" (BAKHTIN, 2010, p. 60) cujo conteúdo traz a crítica social sobre a desigualdade entre ricos e pobres. O rico é alvo de
escárnio nos diálogos e o riso é sua arma para criticar a desigualdade, dessa forma, a morte no "Diálogo dos mortos" é "niveladora", ou seja, ricos e pobres entram no Hades despidos, sem roupas, riquezas, glória ou poder – todos iguais, bem como a concepção do carnaval desenvolvida por Bakhtin.


Indicação: https://youtu.be/jx112JXwJWM

 

  • Bárbara

Folguedos de Mardi Gras

Folguedo refere-se a uma festividade na qual estão incluídas música, dança e representações teatrais, como o uso das fantasias. Os folguedos de Mardi Gras têm sua origem na França, traduzido dessa língua como "terça-feira gorda", a que antecede a quarta-feira de cinzas, anunciando o começo da quaresma, dessa forma, nesse dia, estão presentes os excessos corporais ligados ao grotesco, como a glutonaria e a libertinagem. Essa tradição foi trazida por franco-canadenses aos Estados Unidos e hoje o termo Mardi Gras nomeia o famoso carnaval da cidade norte-americana de Nova Orleans, mantendo a tradição de liberdade e excessos da origem dessa celebração.


Indicações: PEREIRA, Debora Kramer. Uma expressão da cultura: trânsitos lusófonos no contexto do carnaval em Portugal. In: Revista África e Africanidades, ano 7, n. 19, abr. 2015. Disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/08042015.pdf
GONÇALVES, Clarissa Proença. Folias: histórias de carnaval pelo mundo. 82f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Comunicação Visual – Design) – Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019.

  • Luciana:

Pierre de Corbeil (BAKHTIN, 2010, p. 67)

Nasceu no século XII em Corbeil- Essonnes. Foi pregador e canonista da Catedral de Notre Dame, filósofo e professor na Universidade de Paris. Foi professor de Lotário Conti que se tornou o papa Inocêncio III. O papa Inocêncio III ordenou Pierre de Corbeil para cargos na catedral de Iorque (Oxford) e, depois, na região dos Frandes. Pierre de Corbeil convocou um concílio que proibiu o ensino de Filosofia Natural e condenava os textos que começavam a revolucionar a abordagem medieval do pensamento lógico. Somente sua obra teológica “Commnetarium super psalterium” sobreviveu na atualidade, guardada na Universidade de Oxford.

 

3. Próxima reunião

Data: 09/05/2023

Finalização do capítulo 1 (p. 71-123)